Conheci a sua poesia no final da adolescência, quando da necessidade de viver era um permanente encontro com o conflito interno. Não foi um guia, as palavras ajudaram tão só a tornear muitas esquinas.
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo
António Ramos Rosa, in "Poemas Inéditos"
Nenhum comentário:
Postar um comentário