Martin Caparrós, jornalista e romancistas argentino, dá uma entrevista à edição da revista Ler, que recomendo, sobre o seu livro A Fome, apresentando uma outra visão da desigualdade no mundo e das razões de milhares de pessoas morrerem à fome perante a diferença interessada de todos os outros. Alguns excertos:
O facto de na Terra se produzirem alimentos para 12 mil milhões de pessoas e que, sendo nós sete mil milhões, haja pessoas a passar fome mostra que o problema não é a falta de alimentos, mas a forma como os recursos nuns deixando outros sem nada.
É o velho sistema da senhoras da beneficiência. Os maridos exploram os operários da fábrica e elas juntam-se e mandam umas roupinhas para os bébés.
Quando Ban-Ki Moon. secretário-geral das Nações Unidas, disse que em todo o mundo a cada quatro segundos morre alguém por causa da fome não está a dizer que morreram porque estiveram 10 dias sem comer, mas porque têm organismos debilitados e qualquer doença que a mim e a ti não faria nada mata estas pessoas.
A fome já não é um fenómeno tão visível. Não dá uma boa foto, não dá um minuto de televisão, os jornais e os jornalistas não encontram, nem sequer procuram, a forma de a mostrar. Mas também há que ter em conta que o público também não o pede.
O desperdício está na base do sistema capitalista.
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