quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Moura: o encerramento de uma fábrica


A recente comunicação do encerramento da fábrica de painéis solares em Moura merece de todos preocupação e ponderação e um debate sério sobre a questão em si e os seus efeitos diretos e indiretos no concelho, desde logo:
1.       Por colocar no desemprego mais de uma centena de pessoas, num concelho que apresenta um dos valores mais altos do País, e pelas dificuldades que enfrentarão no futuro na procura de uma alternativa;
2.       Pelo efeito negativo que produz no projeto de energias renováveis desenvolvido a partir de 2002 pela Câmara de Moura e cuja constituição das duas peças principais, a fábrica e a central em Amareleja, permitiu acrescentar ao concelho enquanto processo inovador e distintivo no âmbito regional e nacional;
3.       Pelo retrocesso que significa na elevação da autoestima dos mourenses e resultados económicos e sociais práticos que o surgimento do projeto permitiu, enquanto oportunidade para uma nova fase de desenvolvimento;
4.       Pelo vislumbre de que as possibilidades de retoma de atividade são escassas;
O projeto de energias renováveis foi construído pela Câmara Municipal de Moura, mereceu sempre o apoio dos sucessivos governos e mesmo do Presidente da República de então, sabendo os responsáveis autárquicos, gestores e técnicos envolvidos desenvolver os conteúdos técnicos, os programas, as metodologias e os instrumentos necessários à sua concretização. Foi um trabalho de equipa que, com descrição e competência, produziu resultados e introduziu inovação no concelho. E esperança.
A atual gestão da Câmara Municipal tem que retomar o processo de envolvimento e contactos para tentar inverter a situação e encontrar uma solução. Tem essa obrigação.
A Câmara Municipal de Moura deveria estar a solicitar ao governo a inclusão no plano nacional de investimentos para 2030, recentemente aprovado, iniciativas para o concelho de Moura, neste âmbito e noutros, em particular nas acessibilidades rodoviárias e ferroviárias. Deveria mesmo exigir a reabilitação do ramal ferroviário de Moura, em vez de construir nos terrenos da linha junto à estação um parque de estacionamento para autocarros. A remodelação da linha fica por Beja e a nível rodoviário o IP8 também mantendo as debilidades no acesso a Moura.
Nas alturas difíceis é necessário ação. Estamos em presença de muito mais do que o encerramento de uma unidade industrial cujos efeitos negativos no concelho ainda estão por avaliar.


Nenhum comentário: