A recente comunicação do
encerramento da fábrica de painéis solares em Moura merece de todos preocupação
e ponderação e um debate sério sobre a questão em si e os seus efeitos diretos
e indiretos no concelho, desde logo:
1. Por
colocar no desemprego mais de uma centena de pessoas, num concelho que
apresenta um dos valores mais altos do País, e pelas dificuldades que enfrentarão
no futuro na procura de uma alternativa;
2. Pelo
efeito negativo que produz no projeto de energias renováveis desenvolvido a
partir de 2002 pela Câmara de Moura e cuja constituição das duas peças
principais, a fábrica e a central em Amareleja, permitiu acrescentar ao
concelho enquanto processo inovador e distintivo no âmbito regional e nacional;
3. Pelo
retrocesso que significa na elevação da autoestima dos mourenses e resultados
económicos e sociais práticos que o surgimento do projeto permitiu, enquanto
oportunidade para uma nova fase de desenvolvimento;
4. Pelo
vislumbre de que as possibilidades de retoma de atividade são escassas;
O projeto de energias renováveis
foi construído pela Câmara Municipal de Moura, mereceu sempre o apoio dos
sucessivos governos e mesmo do Presidente da República de então, sabendo os responsáveis
autárquicos, gestores e técnicos envolvidos desenvolver os conteúdos técnicos, os
programas, as metodologias e os instrumentos necessários à sua concretização.
Foi um trabalho de equipa que, com descrição e competência, produziu resultados
e introduziu inovação no concelho. E esperança.
A atual gestão da Câmara
Municipal tem que retomar o processo de envolvimento e contactos para tentar
inverter a situação e encontrar uma solução. Tem essa obrigação.
A Câmara Municipal de Moura
deveria estar a solicitar ao governo a inclusão no plano nacional de
investimentos para 2030, recentemente aprovado, iniciativas para o concelho de
Moura, neste âmbito e noutros, em particular nas acessibilidades rodoviárias e
ferroviárias. Deveria mesmo exigir a reabilitação do ramal ferroviário de
Moura, em vez de construir nos terrenos da linha junto à estação um parque de
estacionamento para autocarros. A remodelação da linha fica por Beja e a nível rodoviário o IP8 também mantendo as debilidades no acesso a Moura.
Nas alturas difíceis é necessário ação. Estamos em
presença de muito mais do que o encerramento de uma unidade industrial cujos
efeitos negativos no concelho ainda estão por avaliar.
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