domingo, 11 de outubro de 2020

Verdade, verdadinha

 Que o céu os não proteja


Estou sentado numa esplanada. 

Escuto com pesar as vozes que me rodeiam 

Como se o contentamento alheio 

deslustrasse a luz da tarde

o céu que nos protege. 


Ao escutar as vozes que me cercam

esqueço medo apelo desta luz

deste céu. Perante as vozes que se apoem

num insulto que me cega, 

chego a esquecer o que me trouxe aqui:

a democrática tarde de sol 

e contentamento para todos. 


Um asco pelo coevo tempo das vozes

que ameacam o meu silêncio 

cresce em mim. 

Regresso precipitamente a casa 

desejando que um perturbado céu 

chegue depressa 

e desabe. 


Luís Quintais 


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