Que o céu os não proteja
Estou sentado numa esplanada.
Escuto com pesar as vozes que me rodeiam
Como se o contentamento alheio
deslustrasse a luz da tarde
o céu que nos protege.
Ao escutar as vozes que me cercam
esqueço medo apelo desta luz
deste céu. Perante as vozes que se apoem
num insulto que me cega,
chego a esquecer o que me trouxe aqui:
a democrática tarde de sol
e contentamento para todos.
Um asco pelo coevo tempo das vozes
que ameacam o meu silêncio
cresce em mim.
Regresso precipitamente a casa
desejando que um perturbado céu
chegue depressa
e desabe.
Luís Quintais
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