sábado, 29 de dezembro de 2012

Poemas de Natal III

Natal

A velha imagem: um deus à minha espera,
nu e pobre.
Com a firmeza artesanal da hera,
presa ao muro que cobre.

Mas uma pedra humaníssima destrói
a estrutura vegetal do pólipo gigante:
bichinho que rói, rói,
e segue adiante.

Entanto, permanece
o mistério velado.
E uma rosa amanhece
neste Maio adiado.

Daniel Filipe, in «Natal... Natais Oito séculos de poesia sobre o Natal» antologia de Vaco Graça Moura, Millennium/Público

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