quarta-feira, 29 de maio de 2013

António José Saraiva

Batem-me à porta mãos de neve,
Meu amor batem-me à porta.
Tua lembrança ronda, leve,
Como um luar, à minha volta.
Bate-me à porta o teu desejo,
Meu amor, bate-me à porta.
Saudade minha, onde te escondes?
Onde estás que não te vejo?

Bate-me à porta a saudade,
Meu amor bate-me à porta.
Vou abrir e vejo entrar
Silenciosa, a noite morta.

Bate-me à porta a solidão.
Meu amor bate-me à porta
Se pergunto vem resposta
De silêncio e escuridão.

Bate-me à porta a noite negra.
Meu amor, bate-me à porta.
Calada, sentou-se a tecer
Tecem frio à minha volta. Vazio e frio à minha roda.
 
Tua lembrança bate-me à porta,
Meu amor, bate-me à porta.
Bate, bate, sem cessar ...
Antes queria viesse o amor
E me afogasse o coração 

António José Saraiva, Uma face desconhecida, poemas e prosas, gradiva.

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