quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Há coisas que o tempo não altera

"Está tudo a postos? - perguntou o Respeitável Samuel Slumkey ao Sr. Perker.
Tudo, meu caro senhor - respondeu o homenzinho.
- Não se esqueceram de nada, espero eu?
- Não ficou nada por fazer, meu caro senhor, absolutamente nada. Há vinte homens bem lavados à entrada da rua para lhe apertar a mão; e seis meninos de colo para o senhor lhes afagar a cabeça e perguntar que idade têm; tenha muita atenção às crianças, meu caro senhor ... causa sempre uma óptima impressão.
- Fique descansado - disse o Respeitável Samuel Slumkey.
- E se calhar, meu caro senhor - disse o homenzinho previdente - se calhar podia ... não é que seja indispensável ... mas se pudesse beijar um deles, de certeza que o povo ia ficar muito comovido."

O texto de Charles Dickens, em Os Cadernos de Pickwick (Edição Tinta da China), a relatar uma campanha eleitoral na Inglaterra da primeira metade do século XIX apresenta o modelo que ainda hoje é seguido e que de alguma forma foi possível orquestrar na recente Marcha de Paris com a breve presença de todos os representantes dos diversos países, de Hollande a Merkel até ao Rei da Jordânia.  

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