sexta-feira, 8 de abril de 2011
Porque estamos em Abril, recordar Ary dos Santos
Era uma vez um país/ Onde entre o mar e a guerra/ vivia o mais infeliz/ dos povos à beira-terra./ Onde entre vinhas sobredos/ vales socalcos searas/ serras atalhos veredas/ lezírias e praias claras/ um povo se debruçava/ como um vime de tristeza/ sobre um rio onde mirava/ a sua própria pobreza./ Era uma vez um país/ onde o pão era contado/ onde quem tinha a raiz/ tinha o fruto arrecadado/ onde quem tinha o dinheiro/ tinha o operário algemado/ onde suava o ceifeiro/ que dormia com o gado/ onde tossia o mineiro/ em Aljustrel ajustado/ onde morria primeiro/ quem nascia desgraçado./ Era uma vez um país/ de tal maneira explorado/ pelos consórcios fabris/ pelo mando acumulado/ pelas ideias nazis/ pelo dinheiro estragado/ pelo dobrar da cerviz/ pelo trabalho amarrado/ que até hoje já se diz/ que nos tempos do passado/ se chamava esse país/ Portugal suicidado. José Carlos Ary dos Santos
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