sexta-feira, 29 de julho de 2011

Philip Roth

«-Quando era novo, nunca me envolvi com mulheres feias. Mas na Marinha tive um amigo, um tipo chamado Farriello, cuja especialidade era as mulheres feias. Quando estávamos em Norfolk, se íamos a um baile ou, à noite, até à USO (United Service Organizations), Farrinello disparava direitinho à mais feia das raparigas presentes. Quando me ria dele, respondia que eu não sabia o que estava a perder. Elas são frustadas, dizia-me. Como não são tão bonitas como as imperatizes que escolhemos, fazem tudo o que queremos. Na sua maioria, os homens são estúpidos, afirmava, porque desconhecem isso. Não compreendem que se abordarmos uma mulher mais feia, ela revelar-se-á a mais extraordinária. Se soubermos desinibi-la, claro. Ah, mas se conseguimos! Se conseguimos desinibi-la não sabemos por onde começar, de tal maneira ela vibra. E tudo porque é feia. Porque nunca é escolhida. Porque fica a um canto enquanto todas as ouras dançam. E ser um velho é a mesma coisa. É como ser a rapariga feia. Ficar a um canto no baile.»


Retirado do livro A Mancha Humana de Philip Roth, cuja leitura recomendo.

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