É difícil para todos nós, e com a redução da capacidade financeira das famílias talvez não, imaginar a nossa vida, o nosso mundo, por vezes fechado numa caixa demasiado estreita, circunscrita aquilo que conhecemos, nem sempre o pacote que a televisão transmite, sem telefone, sem telemóvel. Há exemplos de quem ainda não cedeu a essa nova tecnologia. O episódio é desta tarde, em Moura, sob um fortíssimo nevoeiro, em parte da responsabilidade da albufeira da barragem de Alqueva, numa loja, de muitos anos, de produtos de qualidade, onde vou com a irregularidade que não aprecio. Num dado momento, das quatro pessoas no estabelecimento, três falavam ao telemóvel. No final, o proprietário avançou, sabes porque não eram quatro? porque eu não tenho, nem nunca tive. não consigo falar ao telefone, qualquer que seja, em vez de falar grito e não tenho paciência. prefiro falar com as pessoas olhos nos olhos, para sentir o seu cheiro e ver os seus trejeitos. És a primeira pessoa que conheço sem telemóvel, disse, mas tem razão quando à necessidade de nos encontrármos e partilharmos afectos, e cada vez fazemos menos isso e falamos mais pelo telefone e pela internet. O tempo é cada vez mais curto para ganharmos tempo no convívio. E precisávamos de tempo para isso.
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