A nova divisão territorial do turismo, decidida pelo governo, é um multiplicado de asneiras e de erros políticos. É um modelo que não agrada a ninguém, suspeito que nem aos seus autores. O que me preocupa, desde logo, é a subversão do papel dos municípios de onde nasceram as actuais regiões de turismo, persistindo numa visão centralizadora desta actividade, onde a participação local é fundamental. No caso particular do Alentejo, a visão partidária predomina. De forma escandalosa, direi. Para as comissões instaladoras do Alentejo e dos dois pólos foram nomeados, por despacho de secretário de Estado do Turismo, um tal de Bernardo Trindade, o presidente do Norte Alentejano (faz sentido, para lá de ser militante socialista), o presidente da Planície Dourada (faz sentido, para lá de ser um homem de forte apoio aos socialistas, não sei se já militante) e uma técnica da Região de Turismo de Évora (não faz sentido, a não ser por estar de licença sem vencimento ou ser «amiga» dos socialistas), ficando de fora o presidente da Região (fazia sentido, mas é militante comunista). Também não se percebe, a não ser pela lógica partidária, que o pólo de Alqueva seja entregue à Planície Dourada quando dos seis concelhos que o integram quatro pertencem à Região de Turismo de Évora. Assim se prova a virtude do providencial e isento, digo eu, despacho do secretário de Estado que deixou de fora Andrade Santos. Façamos justiça a tão digna visão partidária das funções públicas. (Este texto começou a ser escrito no dia 24 de Abril e terminado a 27 porque foi necessário confirmar tamanha desfaçatez)