A cultura é um tema sempre procurado em alturas específicas, particularmente quando queremos ficar bem perante os outros, com clara predominância próximo dos períodos eleitorais, ou ainda para afirmar, balofamente, um conjunto de princípios que, na maioria das vezes, desconhecemos. À cultura, para ser eficaz, é necessário continuidade e uma visão, um projecto. É o que cessou em Grândola, onde a ausência de um política estratégica ficou perdida na neblina da mudança anunciada, com os espíritos críticos da política de outrora a permanecerem silenciados ou sem capacidade criativa, porque participantes no processo. Veja-se a intervenção pública documentada na fotografia, colocada sem qualquer lógica, integração, programa ou, pelo menos, explicação óbvia. Também, passados três anos de umas obras anunciadas sempre para o próximo trimestre (diga-se que a estratégia de não datar o cartaz é eficaz porque assim está sempre actualizado) começam agora as obras de remodelação do Cine Granadeiro. É positivo que se prepare agora a interrupção de três anos de projecção de cinema em Grândola, culminando um ciclo de autêntico deserto. É triste que o trabalho aumente na proximidade de um acto eleitoral.