O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda; para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invençõoes há que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há-de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.
Machado de Assis, em Memórias Postumas de Brás Cubas
Machado de Assis, em Memórias Postumas de Brás Cubas