segunda-feira, 27 de maio de 2013

Tempo que é preciso para o tempo

Utente regular de mercados municipais, por terras alentejanas chamados de praças, procuro em todos eles uma vendedora habitual que me forneça os mais evidentes produtos da horta. Em todas as terras em que tenho vivido, os princípios, mesmo, de sábado são preenchidos com a aquisição de legumes e frutas, sempre na mesma vendedora (na verdade, em todas as praças têm sido vendedoras), aprofundando laços de confiança ao longo dos anos que me permitam adquirir produtos frescos e de qualidade. E para isso, é preciso tempo, só o tempo permite o conhecimento mútuo e a cumplicidade de olhares, o saber esperar, sem se importar de ser ultrapassado na vez, porque para nós está guardado o melhor bocado. É assim há anos e com resultados positivos. No último sábado, esperei cinco minutos pelo primeiro meio quilo de feijão verde do ano, porque a Silvina não encontrava o saco onde o tinha guardado para mim. Chegou o peixeiro, José creio, que lhe disse, queres que vá buscar o meu?, comprei só por comprar. Foi, e quando chegou com o seu saco e que se prontificava para me entregar, foi encontrado o que me estava destinado. Ficámos os dois servidos mas foi preciso tempo que nenhum de nós deu como perdido. São momentos destes que nos fazem crescer. A propósito, demorou anos, mais de dez a começar as obras e dois a finalizá-las, mas a recuperação do mercado municipal em Grândola transformou aquele espaço num local moderno e com todas as condições de funcionamento. Era cliente do anterior, fui do espaço terrível que funcionou provisoriamente e, com satisfação, vou hoje  ao antigo espaço melhorado. Também para isso foi preciso tempo. Muito tempo.

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