domingo, 25 de maio de 2014

Os ricos ficam mais ricos ...

... e os pobres mais pobres. Vem hoje no Público, vale a pena ler, deixo um excerto:       


Em Portugal, o livro teve até agora um impacto praticamente nulo no debate político. Isto acontece apesar de os números sobre o país mostrarem que é um dos que registaram um maior aumento do peso dos rendimentos dos mais ricos durante as últimas três décadas. Em 1981, os 1% mais ricos obtinham 4,3% do rendimento, um dos valores mais baixos entre os países analisados, mas que passou para 9,8% em 2005, o último ano para o qual são conhecidos dados. A subida de 5,5 pontos percentuais neste indicador é a terceira maior entre os países analisados, atrás dos 11,1 pontos registados nos EUA e dos 6,3 pontos do Reino Unido. No entanto, é importante notar que, durante os anos anteriores, entre 1974 e o início da década de 80, o peso dos 1% mais ricos no rendimento caiu bastante, um efeito da revolução.
Para os anos a seguir a 2005, não se consegue saber o que aconteceu em Portugal neste indicador. Os dados relativos à distribuição de rendimentos que são conhecidos são os publicados pelo Instituto Nacional de Estatística com base nos inquéritos aos rendimentos. Os dados do livro de Piketty, recolhidos pelo economista Facundo Alvaredo, são retirados da informação de pagamento de impostos produzida pela administração fiscal.
O INE opta por não publicar informação referente ao rendimento dos 1% mais ricos da população, alegando que, devido à dimensão da amostra, esses dados poderiam não ter a qualidade estatística necessária. Faz apenas comparações entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres. Como explica Carlos Farinha Rodrigues, um especialista em questões relacionadas com a distribuição de rendimento, “até 2010, houve uma redução sustentada da desigualdade, que a partir daí começa a subir”. Em 2012, o índice de Gini (que mede a desigualdade nos países) registou uma ligeira descida, apontando para uma redução da desigualdade na distribuição dos rendimentos, mas, em contrapartida, o rácio entre os rendimentos dos 10% mais ricos e os 10% mais pobres voltou a subir.

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