sábado, 19 de fevereiro de 2011

Luís Fernando Veríssimo

Há cronistas que acompanho com regularidade, entre os quais Luís Fernando Veríssimo, escritor brasileiro, e que publica trabalhos no Expresso. A crónica desta semana, fala sobre o acaso na determinação dos acontecimentos históricos, exercício que fazíamos na nossa juventude e traduzido por «se a minha avó tivesse ... não poderia ser meu avô» (ao abrigo da legislação actual isto já não é bem verdade). Escreve a propósito: «A História teria sido diferente sem Hitler ou com um Hitler no poder mas tratado por Freud? A ideia do nazismo como uma anomalia patológica, como coisa de loucos, é uma ficção conveniente que absolve boa parte do pensamento cristão europeu de direita da sua cumplicidade. Mas a ideia de um determinismo neutro, independente de qualquer escolha moral, também é assustadora. Precisamos de vilões mais do que de heróis, de culpados muito mais do que de inocentes. Nem que seja só para preservar o autorrespeito da espécie». Esta ideia pode ser transporta para as lágrimas de crocodilo que os líderes ocidentais deitam agora quando falam dos malefícios das ditaduras da Tunísia, Egipto e outros países árabes que lhes foi conveniente manter e apoiar por corresponderem às ambições das suas políticas.

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