Não fui cliente de cabeleireiros (que me perdoem alguns barbeiros que se auto-denominam de cabeleireiros e já me cortaram o cabelo. Fica bem referir meia dúzia de escapadas a cabeleireiras) e sempre preferi utilizar os serviços de honestos barbeiros, escolhendo os estabelecimentos mais antigos em detrimento dos supostamente modernizados. Neste mês do Dia do Pai, fui pela primeira vez com o meu filho ao barbeiro fazer o corte, antes sempre entregue aos cuidados maternos. Mestre Eduardo é o meu barbeiro (com algumas «traições» ditadas pela voragem do tempo e da distância) desde 1995, ano em que aportei com a família a Grândola. Apesar da reforma faz uma gestão criteriosa do seu estabelecimento, nove metros quadrados bem cuidados, e dos clientes, sem grandes cedências ou cunhas à lista de atendimentos para lá da capacidade que permitem os anos e o físico. A barbearia tem a decoração tradicional que se espera de um espaço com tempo e respiração, onde não faltam os inevitáveis calendários de mulheres nuas e aqueles produtos que deixaram há muito de merecer publicidade. O atendimento continua eficaz. Mestre Eduardo é natural de Beja, de onde saiu há mais de 50 anos para ir trabalhar para Lisboa. Parou em Grândola, arranjou trabalho numa barbearia e nunca mais saiu. Foi músico da Música Velha e é adepto do Benfica.