Os dirigentes socialistas, certamente à falta de melhores argumentos, estão a ressuscitar a velha cassete socialista contra o PCP e as Câmaras dirigidas por eleitos da CDU, utilizando argumentos que, sinceramente, julgava afastados do discurso, mesmo que comicieiro, de pessoas com responsabilidades governativas. Membros do governo, no caso Vieira da Silva (um dos principais responsáveis pelo emprego e logo pelo desemprego em Portugal) e Mário Lino (do célebre Alcochete jamais e nenhuma obra para mostrar em quatro anos) dizerem o que disseram na recente Convenção Autárquica de Setúbal do PS é do domínio do risível e só lhes tolda mais a má imagem que deles Portugal já tem. Veja-se o primor de algumas frases:“os comunistas têm uma visão contra o progresso, estreita, curta e rasteira”, responsável pela construção de “uma trincheira de atraso” e “nos concelhos do PCP não há qualidade de vida”. Como é que membros do governo podem afirmar semelhante? Exemplos há no País (a Câmara CDU de Moura soube liderar um projecto em torno das energias renováveis que significou um investimentos superior a 250 milhões de euros e a criação de mais de 100 postos de trabalho) que os desmentem.
E mais:Teresa Almeida, aproveitou para lançar o desafio à autarquia sadina para “divulgar os documentos sobre a revisão do plano director municipal, para que a participação seja efectiva”. A arquitecta não quer que “aconteça o mesmo que aconteceu com o Polis”. Aqui percebe-se o embaraço porque a ex-vereadora socialista em Setúbal e a ex-governadora civil do distrito é capaz de não perceber a relutância de alguns camaradas seus à sua candidatura porque a responsabilizam por um conjunto de decisões que lançaram o caos na cidade do Sado no tempo da presidência de Mata Cáceres (16 anos, interrompidos há oito). Mas o mais incrível é: Vieira da Silva, ministro do Trabalho, considera mesmo que “o presidente da câmara de Sines foi empurrado por estar de acordo com as políticas do governo”, donde se depreenderá facilmente que naquele concelho se passou a viver com qualidade e está, só por isso e esquecendo todos os anos de liderança comunista desde o 25 de Abril de 1974, na senda do progresso. Tristeza.