Gostaria de recomeçar a actividade deste blog no novo ano de outra forma, mas este parágrafo de Pacheo Pereira não me deixou outra hipótese:
«O que vou escrever vai por os cabelos em pé a muita gente. Mas nestes dias de crise mais vale ter emprego, mesmo que mau, desprotegido, sem direitos, precário, do que não ter emprego nenhum. E é por isso que o reforço dos direitos laborais, o aumento das contribuições sociais, a dificuldade de contratar a recibo verde, a penalização do trabalho “negro”, têm um enorme preço em deixar mais gente na miséria. Em teoria nada há de mais aceitável, na prática nada há de mais injusto, porque em nome de quem tem trabalho e direitos adquiridos, penaliza-se quem quer qualquer trabalho, porque não encontra um trabalho decente. Para além disso é ineficaz, porque muita gente que não aceitaria trabalhar em condições de precariedade está hoje disposta a fazê-lo em quaisquer condições. A necessidade obriga e a necessidade tem muita força.É um retrocesso em termos sociais? Certamente que é, mas a alternativa é um retrocesso ainda maior, é a pobreza. Não estamos em períodos de normalidade, precisamos de soluções excepcionais, mesmo que temporárias, indexadas por exemplo, aos indicadores de desemprego e de pobreza. Porque na prática, há por aí muita procura de trabalho que não se materializa, porque empregar sai demasiado caro.»
Para lá das questões ideológicas, resta-me dizer que JPP fala de barriga cheia depois de ter vivido ao abrigo do Estado, na universidade onde deixou teses por acabar para se dedicar à política, nacional e europeia, e agora comentar desta forma a coberto de uma reforma pública. Assim é fácil teorizar e servir quem se serve.