Henrique Monteiro, director do Expresso e em tempos udepeísta, escreve, sobre a proposta de revisão constitucional apresentada pelo PSD (presume-se que a versão original e não a corrigida,) em editorial na edição de hoje do jornal: «Ainda que a proposta do PSD fosse aprovada - e não vai ser -, o país viveria como até agora». A ser assim, é difícil explicar o interesse em apresentar esta proposta. Por quê tanto trabalho para ficar tudo na mesma? Será mero preciosismo ortográfico? Dá o director depois o exemplo de retirar da saúde o famoso «tendencialmente gratuito» para concluir que fica tudo na mesma com a expressão «não podendo, em caso algum, o acesso ser recusado por insuficiência de meios económicos». Tão só a expressão de que seria uma inutilidade se efectivamente fossem só estes os objectivos de Passos Coelho e acho que não são. Os seus interesses vão mais além e pretendem terminar com a acção pública nos sectores principais da sociedade. Basicamente privatizar tudo o que pode dar dinheiro por ser essencial.
Monteiro conclui que «o atual Estado social, que tanta gente se apressa a defender acriticamente, em toda a sua extensão, contém em si um problema: não é sustentável a prazo». E tão definitiva conclusão baseia-se em que pressupostos técnicos ou dados científicos: «Ouçam os economistas, todos eles, de Silva Lopes a Ernâni Lopes: sem cortes nas prestações sociais o país não aguenta». Interessante, não? Serão mesmo todos os economistas que defendem esta conclusão? Não há pressupostos ideológicos destes economistas nas conclusões que anunciam? Não serão eles responsáveis e beneficiários directos do descalabro a que isto chegou? Não haverá outro caminho? Seremos assim tão pobres de imaginação? Não creio.
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