As nuvens negras permanecem, mais do que sobre a economia mundial, no dia a dia de cada um. Todos nós temos hoje menos meios, temos perdido poder de compra (e este aspecto não se deve à crise, mas sim à política do governo que tem apostado em salários baixos) e capacidade para mantermos uma vida condigna. Na verdade, vivemos pior e a crise financeira mundial não justifica tudo, como me parece óbvio. Aliás, é algo estranho que aqueles que em Portugal têm partilhado o poder (PS, PSD e CDS-PP) tenham hoje uma postura de indignação quando são fortes defensores e protagonistas das políticas que conduziram a esta situação. Sempre se mostraram e optaram por uma redução do papel do Estado que hoje defendem dever intervir para salvar o Mundo (será?) dos desvarios em que participaram no livre mercado financeiro (o ministro das finanças, Teixeira dos Santos, não foi o responsável da CMVM?). Porque razão nunca houve um eficaz sistema de redução da pobreza e da fome que motivasse, por exemplo, a disponibilização de 20 mil milhões de euros? Porque razão o BCE optou por controlar a inflação, subindo a taxa directora que fez crescer a euribor com efeitos nos empréstimos de todos? Muitos perguntas que ainda não obtiveram resposta e que o futuro não nos garantem que, com os actuais protagonistas, não volte a ser igual ao presente que vivemos.